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Um macaco que pensa que pensa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Carta sobre a felicidade


Eu li a carta sobre a felicidade que Epícuro escreveu para Meneceu e fiz um resumo da forma com eu a compreendi. Segue:

É dedicando-se à filosofia que podemos descobrir que nunca é cedo nem tarde para alcançar a saúde do espírito. É necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos

para alcançá-la. É elemento fundamental para uma vida feliz, considerar a divindade como um ser imortal e bemaventurado, como sugere a percepção comum de divindade, sem atribuir a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem-aventurança; pensando a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade. Devemos evitar a noção que as pessoas costumam preservar de que a divindade causa os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Pois essas influenciadas pelas próprias virtudes só aceitam a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.

É sábio estar ciente de que a morte para nós não é nada além da privação das sensações onde residem todo mal e todo bem.´

É tolo, portanto temer a morte. Pois aquilo que não nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado. Assim sendo, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada, justamente porque, quando estamos vivos, a morte não está presente. Quando a morte está presente, nós é que não estamos. Para o sábio viver não é um fardo e não viver não é um mal.

Para uma vida feliz, com a ausência da dor e do medo, se faz necessário considerarmos a importância do conhecimento seguro dos desejos. Pois estes nos levam a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito.

A satisfação consiste em não procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência. É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz.

Da mesma forma que nem todo prazer deve ser escolhido, nem toda dor deve ser evitada. Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos.

A auto-suficiência é um grande bem. Devemos estar convictos de que os que desfrutam melhor a abundância são os que menos dependem dela; pois tudo o que é natural é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.

Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas. Removendo a dor provocada pela ausência, pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita. A fome é o melhor dos condimentos. Habituar-se a um modo de vida não luxuoso não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida.

Quando então dizemos que o fim último é o prazer, estamos nos referindo ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.

É um exame cuidadoso, que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em

virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos, que tornam doce a vida.

De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem. Sendo mais preciosa que a própria filosofia. É da prudência que se originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade.

O sábio não crê que a sorte proporcione aos homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males. Ao seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo.

Tendo em juízo a soberania da divindade, se comportando de modo indiferente perante a morte, discernindo que o bem supremo está nas coisas simples e fáceis de obter, e que o mal supremo ou dura pouco, ou só nos causa sofrimentos leves e negando o destino como senhor de tudo, pois as coisas só acontecem ou por necessidade, ou por acaso, ou por vontade nossa, nunca mais te sentirás perturbado e viverás como um deus entre os homens. Pois é imortal o homem que vive entre bens imortais.


Epícuro sabia das coisas.


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